A primeira observação a ser feita é sobre o conceito de ocupação, que deve ser pensada como tudo o que diz respeito ao fazer humano; que atravessa toda a nossa existência, nosso cotidiano. Do nascer, das aquisições de desenvolvimento através do brincar no bebê até a velhice, onde as mudanças fisiológicas envolvem adaptações e novas formas de se inserir socialmente diante das necessidades.
Tudo o que fazemos, todo o nosso cotidiano é permeado pelas ocupações e nosso modo de estar no mundo. É desta forma que usamos o termo no contexto da Terapia Ocupacional (TO).
Isso tudo é material de trabalho e objetivo final da TO.
Pode-se dizer que os motes da TO são a autonomia e a independência, a funcionalidade e a inserção pensando na qualidade de vida através da expressão, elaboração e uma vivencia de cotidiano percebida como satisfatória pelo sujeito.
As áreas de atuação dos terapeutas ocupacionais são variadas. Os profissionais tem formação para um olhar biopsicossocial e se especializam em suas areas para atender situações relacionadas à prejuízos funcionais em reabilitação física, reabilitação cognitiva, educação, saúde mental, entre outras.
É o fazer para conseguir ou voltar a fazer ou a ocupação para tratar.
A TO na saúde mental, se pauta numa relação triádica entre terapeuta, a atividade e o sujeito, podendo ou não ter um quarto elemento que pode ser um grupo.
O processo tem início no vínculo e em um diagnóstico situacional que vai se construindo considerando as múltiplas necessidades da pessoa podendo ser composto por outros atores e contextos que façam sentido. Escolhas de materiais e atividades, compartilhamento das experiências, aprendizados, ampliação de repertório, a análise das atividades e a criatividade vão compondo as transformações esperadas dentro deste processo.
Atividades e relações aparecem como ferramentas para simbolização (da coisa à palavra), para reconstrução material e simbólica da vida, instaurando vivências de processualidade, reestruturando experiências mais integradas e saudáveis.
A TO costuma oferecer um ambiente aconchegante, permeado pelo afeto e pela criatividade, sem exigir pra isso nenhum conhecimento ou técnica artística prévia, apenas a vontade de experimentar.
Quando o contexto é grupal percebem-se possibilidades de socialização, de alternância de papéis, experiencias de troca que permitem reconhecer sentimentos e situações no outro e em si, as produções individuais e coletivas ganham sentidos ao serem compartilhadas e reconhecidas e por ser um contexto terapêutico e protegido.
Na TO também é possível lançar mão de propostas com objetivos especiais como instrumentos de investigação e intervenção nos âmbitos da vida e do cotidiano, possibilitando o diagnóstico, reflexão, planejamento e suporte ao enfretamento de situações desorganizadoras como ansiedades, medos que impedem o sujeito de sair, atender aos seus compromissos, projetos pessoais, exercer seus papéis sociais de forma saudável, com qualidade e dentro das possibilidades dele próprio, cuidando então do potencial de cada um.
Através da TO coisas podem ser percebidas, nomeadas, ressignificadas e transformadas. Os significados das nossas ações no fazer e a correlação com os fenômenos inconscientes que regem nosso modo de ser e no mundo podem ser transformados interna e externamente de modo gentil, lúdico e permeado pela arte e o aprendizado.
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Ana Elisa Marino e Miki Sato